Pancreatite crônica complicada com ascite pancreática: relato de caso
DOI:
https://doi.org/10.47456/rbps.v25isupl_2.41001Palavras-chave:
Ascite pancreática, Pancreatite crônica, Fístula pancreática, Pseudocisto pancreáticoResumo
Introdução: Ascite pancreática decorre da ruptura de ducto ou pseudocisto pancreático. Pancreatite crônica é a causa mais comum, podendo ocorrer em até 4% dos casos e se conduz conservadoramente, reservando os tratamentos endoscópicos e cirúrgicos para casos refratários. Apresentação de caso: Paciente masculino, 54 anos, tabagista, etilista, com dor abdominal recorrente, posteriormente história de trauma abdominal com piora da dor em andar superior do abdome, irradiação para dorso e ascite de grande volume. Exames laboratoriais séricos com aumento de provas inflamatórias, amilase 1.278 U/l e lipase 915 U/I. Líquido ascítico: amilase 14.403 U/l. Exames de imagem confirmaram pancreatite crônica e pseudocisto comunicando-se com trajeto fistuloso que drenava em volumosa ascite. Conduzido inicialmente em suporte nutricional enteral com dieta oligomérica e correção de distúrbios hidroeletrolíticos. Após 15 dias mantinha ascite, sendo considerado falência do tratamento clínico e necessário passagem de prótese pancreática por colangiopancreatografia retrógrada endoscópica e resolução do quadro. Conclusão: Ascite pancreática é uma complicação rara da pancreatite crônica com alta morbidade e mortalidade. O diagnóstico depende de suspeição em caso de dor abdominal que antecede o quadro de ascite, que se confirma com a dosagem de amilase no líquido ascítico, mostrando resultado acima do valor sérico ou acima de 1000 U/l. Tratamento clínico constitui em nutrição enteral com dieta oligomérica, caso não ocorra resolução completa da ascite, indica-se tratamento endoscópico com passagem de prótese pancreática, ou tratamento cirúrgico. O acompanhamento multidisciplinar com clínicos, endoscopistas, radiologistas e cirurgiões é fundamental para evitar desfechos desfavoráveis.
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