As famílias cativas de Itapemirim nos anos finais da escravidão (Província do Espírito Santo, 1872-1888)

Autores

  • Laryssa da Silva Machado Universidade Federal do Espírito Santo

DOI:

https://doi.org/10.47456/e-2020310211

Palavras-chave:

Família escrava, Itapemirim, História do Espírito Santo

Resumo

O presente artigo pretende apresentar a família cativa de Itapemirim nos anos finais da escravidão (1872-1888). O recorte temporal foi feito entre a promulgação de duas leis importantes: a Lei do Ventre Livre (1871), que tornava libertos os nascidos de ventre cativo após aquela data, e a Lei Áurea, que colocou fim a escravidão. As fontes utilizadas nessa pesquisa foram as cartoriais (inventários post mortem e testamentos) e as eclesiásticas (livro de batismo). Esses documentos revelam a existência da família cativa de Itapemirim, que no período analisado estava consolidada na região. Para a identificação dessas famílias foi realizado o método onomástico, além de recorte serial para análise dos dados. A maioria das famílias eram matrilineares, algumas com poucos e outras com muitos filhos. Também se percebe a presença de muitos africanos, mesmo décadas após o fim do tráfico internacional de almas. Inúmeras denúncias de desembarque de africanos foram feitas nesse período, e a trama do tráfico envolvia as províncias do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

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Biografia do Autor

Laryssa da Silva Machado, Universidade Federal do Espírito Santo

Licenciada em História pelo Centro Universitário São Camilo-ES (2007)

Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional pelo Centro Universitário São Camilo-ES (2009),

Especialista em Educação Profissional e Tecnológica pelo Instituto Federal do Espírito Santo (2016).

Mestre em História - UFES (2017-1019).

Docente de História da Rede Municipal de Marataízes-ES. 

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Publicado

16-11-2020

Como Citar

DA SILVA MACHADO, Laryssa. As famílias cativas de Itapemirim nos anos finais da escravidão (Província do Espírito Santo, 1872-1888) . Revista Ágora, [S. l.], v. 31, n. 2, p. e-2020310211, 2020. DOI: 10.47456/e-2020310211. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/agora/article/view/32332. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Pós-abolição: sociabilidades, relações de trabalho e estratégias de mobilidade s