"Princesa foi-se embora, escreveu num papelão. Quem quiser comer agora, trabalhe com suas mãos"
O 13 de maio e a memória da Abolição para a comunidade Quilombola de Monte Alegre (Cachoeiro de Itapemirim-ES, 2019)
DOI:
https://doi.org/10.47456/e-20243529Palavras-chave:
Abolição; comunidade quilombola; memória.Resumo
O 13 de Maio é a principal efeméride celebrada pela Comunidade Quilombola de Monte Alegre, formada no processo de transição da escravidão para a liberdade em Cachoeiro de Itapemirim, o principal polo de concentração de escravizados do Espírito Santo na segunda metade do século XIX. Na tradição oral de Monte Alegre, a abolição é o marco divisor entre o tempo da escravidão e o tempo da liberdade (oficial), simbolicamente representado no jongo que dá título a este trabalho. Não é coincidência, portanto, que o acontecimento seja narrado com detalhes na comunidade, certificada desde 2005 pela Fundação Cultural Palmares como remanescente de quilombo, e receba destaque em sua memória da escravidão, acessada na construção da identidade quilombola. Seus significados para a comunidade explicam, parcialmente, a perpetuação local do 13 de Maio em detrimento do 20 de Novembro, popularizado após a lei 10.639/2003, que provocou significativo impacto local. Portadora de uma memória genealógica da escravidão vivenciada no território ocupado por seus ancestrais desde meados do Oitocentos, os personagens, lugares e acontecimentos locais são evidenciados nas entrevistas realizadas segundo as diretrizes da História Oral, em 2019. Sua narrativa destaca os significados da abolição para os ancestrais, que comemoraram o “raiar da liberdade” como possibilidade de liberdade e proteção a seus corpos, as suas famílias e ao seu modo de vida. A prevalência da celebração do 13 de Maio na comunidade quilombola aponta para a desconstrução dos estereótipos impostos pelo racismo estrutural da sociedade brasileira.
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Referências
Fontes
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