“Melhor é fechar os olhos ao crime deixar cada um fazer o que queira”

desembarques de africanos ilegalmente escravizados no período da regência em Alagoas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/e-20243531

Palavras-chave:

tráfico ilegal de escravizados; presidentes de província; juízes de paz.

Resumo

O artigo trata da conjuntura de desembarques ilegais ocorridos na costa da província de Alagoas após a Lei de 1831 até o fim do período regencial, buscando compreender a dinâmica dos eventos que viabilizaram essas ações. Foca nas relações entre os presidentes da província e os poderes locais para compreender como foi possível que os desembarques ocorressem com sucesso ao longo da década de 1830. Desse modo, analisa o contexto local em diálogo com uma das principais questões políticas naqueles anos de formação do Estado brasileiro, a tensão entre o projeto de centralização política e a manutenção da autonomia dos potentados locais diante da Corte. A pesquisa se baseia em fontes de diversos fundos e acervos e dialoga com seus modos de produção e silêncios a fim de contribuir para o conhecimento acerca do tráfico ilegal de africanos e africanas escravizadas para o Brasil.

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Biografia do Autor

Luana Teixeira , Universidade Federal de Alagoas - UFAL

Luana Teixeira recebeu seu Doutorado em História pela Universidade Federal de Pernambuco, Brasil. É professora colaboradora da Universidade Federal de Alagoas. Tem formação em História e Letras-Português, e mestre em História e Património Cultural. Organizou "Trajano Margarida: poeta do povo" (2019), "História da escravidão em Alagoas" (2017) "Patrimônio Histórico e Arqueológico de Alagoas" (2012), e publicou "Negócios da escravidão em Alagoas" (2017). Neste momento trabalha no projeto "Trânsitos no Brasil Imperial: Banco de Dados Históricos". Luana também escreve livros infantis.

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Publicado

19-11-2024

Como Citar

TEIXEIRA , Luana. “Melhor é fechar os olhos ao crime deixar cada um fazer o que queira”: desembarques de africanos ilegalmente escravizados no período da regência em Alagoas. Revista Ágora, Vitória/ES, v. 35, p. e-20243531, 2024. DOI: 10.47456/e-20243531. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/agora/article/view/45344. Acesso em: 13 jan. 2025.

Edição

Seção

A escravidão moderna e as instituições luso-brasileiras entre os séculos XVII e XIX