Corpo humano em Libras
tradução especializada intermodal para um museu de ciências
DOI:
https://doi.org/10.47456/cl.v17i36.40224Palavras-chave:
Tradução especializada, Libras, Tradutor surdo, Museu de ciências, Corpo humanoResumo
Constituindo-se como uma necessidade social, a tradução de textos científicos para a língua brasileira de sinais (Libras) tem possibilitado acesso de pessoas surdas ao conhecimento disponível em língua portuguesa no Brasil. Neste artigo, objetiva-se discutir aspectos da tradução especializada intermodal de textos sobre a biologia humana. Para isso, com base em autores do campo dos Estudos Surdos e dos Estudos da Tradução, analisa-se a tradução, em Libras, de três textos em língua portuguesa que servem de apoio à mediação de visitas no Museu de Ciências da Vida (MCV) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes): Sistema Urinário, Sistema Respiratório e Sistema Cardiovascular. Dentre os principais aspectos sobre essas traduções, destacam-se: (i) a atuação de uma tradutora surda que tem a Libras como sua primeira língua, o que a torna uma tradução direta; (ii) a escolha por não gerar neologismos na língua de chegada para traduzir termos da língua de partida; e (iii) o uso de classificadores para descrever fenômenos bioquímicos, órgãos e substâncias. Considera-se importante que mais estudos evidenciem as contribuições de tradutores surdos em processos tradutórios de textos especializados que proporcionam a divulgação e ampliação do conhecimento científico em Libras.
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