Violência obstétrica em uma perspectiva interseccional
revisão narrativa
DOI:
https://doi.org/10.47456/rbps.v27isupl_2.48420Palabras clave:
Violência obstétrica, Interseccionalidade, Racismo institucionalResumen
Introdução: A violência obstétrica é uma questão de saúde pública, e aprofundar o estudo sobre este fenômeno é um dos caminhos para enfrentá-lo. Consiste em uma apropriação desumanizada do corpo e dos processos reprodutivos das mulheres por profissionais de saúde. Apesar disso, a vivência e as consequências desse tipo de violência não afetam todas as mulheres de forma igualitária. Objetivo: Compreender a violência obstétrica contra mulheres negras a partir da abordagem interseccional, considerando que a interseccionalidade envolve a interação entre dois ou mais eixos de subordinação/discriminação, como o racismo, o patriarcado e a desigualdade social. Métodos: Foi realizada uma revisão narrativa da literatura, analisando artigos publicados nas bases de dados científicas nos últimos 10 anos que abordavam essa temática. Resultados: A pesquisa constatou que mulheres negras são as principais vítimas da violência obstétrica, sendo a análise interseccional essencial para entender a magnitude dessa vitimização. A violência obstétrica contra mulheres negras extrapola a questão de gênero, envolvendo também fatores de raça e classe social. Conclusão: Conclui-se que ser negra e pobre no Brasil aumenta a vulnerabilidade à violência obstétrica, evidenciando o racismo institucional presente nos diversos serviços de saúde.
Descargas
Referencias
Organização Mundial da Saúde. Relatório mundial sobre a prevenção da violência 2014. Genebra: Organização Mundial da Saúde; 2014. Disponível em: https://nev.prp.usp.br/wp-content/uploads/2015/11/1579-VIP-Main-report-Pt-Br-26-10-2015.pdf
Damasceno ALS, Arruda AG, Barbosa EDS, Fernandes HMA. Iniquidades interseccionais no atendimento obstétrico às mulheres negras de comunidade quilombola. Rev Ciênc Plural. 2024;10(2):1–16. doi: 10.21680/2446-7286.2024v10n2ID34948.
Leite TH, Marques ES, Corrêa RG, Leal MDC, Olegário BDCD, Costa RMD, et al. Epidemiology of obstetric violence: a narrative review of the Brazilian context. Ciênc Saúde Colet. 2024;29(9):e12222023. doi: 10.1590/1413-81232024299.12222023en.
Lima KDD, Pimentel C, Lyra TM. Disparidades raciais: uma análise da violência obstétrica em mulheres negras. Ciênc Saúde Colet. 2021;26(suppl 3):4909–18. doi: 10.1590/1413-812320212611.3.24242019.
Conselho Federal de Medicina (CFM). Parecer CFM nº 32/2018. Brasília: Conselho Federal de Medicina; 2018. Disponível em: https://sistemas.cfm.org.br/normas/arquivos/pareceres/BR/2018/32_2018.pdf
Ministério Público Federal (MPF). MPF recomenda ao Ministério da Saúde que atue contra a violência obstétrica em vez de proibir o uso do termo [Internet]. 2024 [citado 2024 dez]. Disponível em: http://www.mpf.mp.br/sp/sala-de-imprensa/noticias-sp/mpf-recomenda-ao-ministerio-da-saude-que-atue-contra-a-violencia-obstetrica-em-vez-de-proibir-o-uso-do-termo
G1. Ministério da Saúde reconhece legitimidade do uso do termo 'violência obstétrica'. G1 [Internet]. 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2019/06/10/ministerio-da-saude-reconhece-legitimidade-do-uso-do-termo-violencia-obstetrica.ghtml
Migalhas. Violência obstétrica: MPF e entidades repudiam orientação do Ministério da Saúde de abolir termo. Migalhas [Internet]. 2025. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/quentes/302078/violencia-obstetrica---mpf-e-entidades-repudiam-orientacao-do-ministerio-da-saude-de-abolir-termo
Santana ATD, Couto TM, Lima KTRDS, Oliveira PSD, Bomfim ANA, Almeida LCG, et al. Obstetric racism, a debate under construction in Brazil: perceptions of black women on obstetric violence. Ciênc Saúde Colet. 2024;29(9):e09952023. doi: 10.1590/1413-81232024299.09952023en.
Leal MC, Gama SGN. Birth in Brazil. Cad Saúde Pública. 2014;30(13). doi: 10.1590/0102-311XED01S114.
Assis JFD. Interseccionalidade, racismo institucional e direitos humanos: compreensões à violência obstétrica. Serv Soc Soc. 2018;(133):547–65. doi: 10.1590/0101-6628.159.
Saraiva VCDS, Campos DDS. The cheapest meat on the market is black meat: notes on racism and obstetric violence against Black women. Ciênc Saúde Colet. 2023;28(9):2511–7. doi: 10.1590/1413-81232023289.05182023en.
Rios F, Ratts A. A perspectiva interseccional de Lélia Gonzalez. In: Chalhoub S, Pinto FM, organizadores. Pensadores negros-pensadoras negras do século XIX e XX. Belo Horizonte: Traço Fino; 2016.
Crenshaw K. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Rev Estud Fem. 2002;10(1):171–88. doi: 10.1590/S0104-026X2002000100011.
Ferreira MS, Gonçalves E. “Parirás com dor”: a violência obstétrica revisitada. Soc Cult [Internet]. 2020 [citado 28 mar 2025];23. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fcs/article/view/60230
Alves GKA, Lopes RS, Cabral JN, Moreira APA, Cecílio JO, Batista ASFC. Relação entre iniquidades racial e violência obstétrica no parto. Rev Cient Esc Est Saúde Pública Goiás Cândido Santiago. 2023;9(9d3):1–19.
Medeiros RDCDS, Nascimento EGCD. “Na hora de fazer não chorou”: a violência obstétrica e suas expressões. Rev Estud Fem. 2022;30(3):e71008. doi: 10.1590/1806-9584-2022v30n371008.
Cardoso EM, Cockell FF. Atenção à saúde da mulher negra no ciclo gravídico-puerperal: percepções em primeira pessoa. Cad Gên Tecnol. 2019;12(40):111. doi: 10.3895/cgt.v12n40.9485.
Dalenogare G, Vieira LB, Maffacciolli R, Riquinho DL, Coelho DF. Pertencimentos sociais e vulnerabilidades em experiências de parto e gestação na prisão. Ciênc Saúde Colet. 2022;27(1):263–72. doi: 10.1590/1413-81232022271.33922020.
d’Orsi E, Brüggemann OM, Diniz CSG, Aguiar JMD, Gusman CR, Torres JA, et al. Desigualdades sociais e satisfação das mulheres com o atendimento ao parto no Brasil: estudo nacional de base hospitalar. Cad Saúde Pública. 2014;30(suppl 1):S154–68. doi: 10.1590/0102-311x00087813.
Diniz SG, Salgado HDO, Aguiar Andrezzo HFD, Cardin De Carvalho PG, Albuquerque Carvalho PC, Azevedo Aguiar C, et al. Abuse and disrespect in childbirth care as a public health issue in Brazil: origins, definitions, impacts on maternal health, and proposals for its prevention. J Hum Growth Dev. 2015;25(3):377. doi: 10.7322/jhgd.106080.
Marques SB. Violência obstétrica no Brasil: um conceito em construção para a garantia do direito integral à saúde das mulheres. Cad Ibero Am Direito Sanit. 2020;9(1):97–119. doi: 10.17566/ciads.v9i1.585.
Brisola EMA, Ribeiro SLS, Macri LRD, Rodrigues R. Violência obstétrica como violação de direitos humanos das mulheres. Rev Científica Humanidades. 2023;16(1). doi: 10.32813/2179-1120.2023.v16.n1.a930. Disponível em: https://www.rchunitau.com.br/index.php/rch/article/view/930
Akotirene C. O que é interseccionalidade. Belo Horizonte: Letramento; 2018.
Werneck J. Racismo institucional e saúde da população negra. Saúde Soc. 2016;25(3):535–49. doi: 10.1590/s0104-12902016261.
Almeida SL. Racismo Estrutural. São Paulo: Ed. Jandaíra; 2020. (Coleção Feminismo Plurais).
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde/Brazilian Journal of Health Research

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-SinDerivadas 4.0.
La RBPS adopta la licencia CC-BY-NC 4.0, lo que significa que los autores mantienen los derechos de autor de sus trabajos presentados a la revista.
- Los autores deben declarar que su contribución es un manuscrito original, que no ha sido publicado previamente y que no está en proceso de evaluación en otra revista simultáneamente.
- Al presentar el manuscrito, los autores conceden a la RBPS el derecho exclusivo de primera publicación, sujeto a revisión por pares.
Derechos de los autores:
Los autores pueden firmar contratos adicionales para la distribución no exclusiva de la versión publicada por la RBPS (por ejemplo, en repositorios institucionales o como capítulos de libros), siempre que se reconozca la autoría y la publicación inicial en la RBPS. Además, se anima a los autores a poner su trabajo a disposición en línea (por ejemplo, en repositorios institucionales o en sus páginas personales) tras la publicación inicial en la revista, citando debidamente la autoría y la publicación original.
Derechos de los lectores bajo la licencia CC-BY-NC 4.0:
- Compartir: Copiar y redistribuir el material en cualquier medio o formato.
- Adaptar: Mezclar, transformar y construir a partir del material.
Condiciones de la licencia:
- Atribución: Debe otorgarse el crédito adecuado, incluir un enlace a la licencia e indicar si se realizaron cambios.
- No Comercial: No se puede usar el material con fines comerciales.
- Sin restricciones adicionales: No se pueden aplicar términos legales o medidas tecnológicas que restrinjan lo que la licencia permite.