Territórios de morte:
Retratos de Perda e Luto em Crimes Corporativos no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.47456/regec.2317-5087.2024.13.1.42479.100-119Palavras-chave:
Crimes Corporativos, Morte, Necropolítica, Setor MineraçãoResumo
Nosso objetivo neste artigo é analisar imagens relacionadas à morte nas organizações decorrentes de crimes corporativos, ilustrando com o caso da Vale em Brumadinho. Nós utilizamos a abordagem qualitativa, analisando imagens relacionadas a mortes ocorridas nos crimes corporativos em territórios de mineração, especificamente, o rompimento das barragens da Vale. A análise visual resultou na identificação de três grupos temáticos, que revelam a política de morte que decide quem deve viver e quem deve morrer, sinalizando para a morte como um fenômeno produzido pelas organizações. A pesquisa contribui, principalmente, por discutir a morte no campo de estudos organizacionais como um fenômeno cultural, e não um processo organizacional, dialogando com a literatura dos crimes corporativos.
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