Impactos das violências raciais no desenvolvimento cognitivo
o epistemicídio e o racismo científico
DOI:
https://doi.org/10.47456/rbps.v27isupl_2.48422Palavras-chave:
Racismo, Desenvolvimento cognitivo, Inteligência, Memória, PsicologiaResumo
Introdução: As relações raciais permeiam diversas dimensões da vida social e influenciam profundamente o desenvolvimento cognitivo. Este estudo insere-se em um campo teórico que questiona a produção e a distribuição do conhecimento. Objetivo: Analisar os impactos das violências raciais no desenvolvimento cognitivo, com base nos conceitos de epistemicídio e cognição inventiva, explorando como as dinâmicas de exclusão racial influenciam a memória, a inteligência e os processos de aprendizagem. Métodos: A metodologia adotada foi uma reflexão crítica, ancorada na análise de obras teóricas e na revisão da literatura científica, que revelou uma omissão acadêmica sobre o tema. Resultados: Fundamentado nas perspectivas de Sueli Carneiro, Jean Piaget, Lev Vygotsky e Virgínia Kastrup, o artigo identifica lacunas na literatura acadêmica brasileira quanto à relação entre racismo e desenvolvimento cognitivo, destacando a ausência de abordagens que conectem diretamente as dinâmicas raciais aos processos mentais. A pesquisa aponta que ambientes violentos e excludentes podem comprometer o desenvolvimento intelectual e emocional, limitando a construção de estratégias adaptativas e reforçando dinâmicas de exclusão social e acadêmica. Ao mesmo tempo, enfatiza o potencial de resistência cognitiva, no qual indivíduos e comunidades criam epistemologias e narrativas que desafiam as estruturas de poder hegemônicas. Conclusão: O epistemicídio e o racismo científico perpetuam a desvalorização das populações racializadas, reforçando hierarquias intelectuais e apagando saberes alternativos. Em contraponto, sugere-se a adoção de práticas educacionais e epistemológicas que reconheçam a pluralidade cultural e as formas inventivas de cognição como estratégias fundamentais para combater o racismo e promover uma ciência inclusiva.
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