“Nêga qui tu tem? Marimbondo sinhá!”

religião afro amazônica e o modernismo de Bruno de Menezes da década de 1920.

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/e-20243507

Palavras-chave:

Modernismo, Bruno de Menezes, Amazonas, batuque

Resumo

Com o presente trabalho analisamos um poema de Bruno de Menezes, modernista da Amazônia, escrito na década de 1920. Este poema é analisado pela historiografia e pela crítica literária como uma “festa” de negros em que se tem a percepção de características afro-brasileiras. Entretanto, nossa proposta vai no sentido de compreender a narração do episódio enquanto “ritual” espiritual ou religiosidade afro amazônica que contempla características católicas, de religiões de matrizes africanas e de matrizes indígenas. Assim, por meio da reconstrução do episódio não enquanto pessoas dançantes, mas pessoas em transe, compreendemos melhor a cultura, as relações de poder e identitárias deste negro amazônico representado pelo autor. Para isso, reconstruiu-se a biografia do autor, compreendeu-se sua rede de sociabilidade e analisou-se o poema à luz da realidade amazônica da década de 1920.

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Biografia do Autor

Heraldo Márcio Galvão Júnior, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará

Professor Adjunto da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (onde também atua como Vice-Diretor da Faculdade de História (FHT)), do Programa de Pós-Graduação em Ensino de História (PROFHISTÓRIA) do Instituto de Estudos do Trópico Úmido e do Programa de Pós-Graduação em História (PPGHIST) do Insituto de Ciências Humanas da UNIESSPA. Graduado (bolsa FAPESP e CNPQ) e mestre (bolsa CAPES) em História pela Universidade Estadual Paulista (UNESP, 2009; 2013) e doutor em História pela Universidade Federal do Pará (bolsa CAPES), com estágio (bolsa PDSE) na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris (UFPA; EHESS, 2020). Sua área de interesse procura conexões entre a história cultural, história social, história da educação, ensino de história, literatura e o ensaio crítico. Dedica-se ao estudo das artes literárias em São Paulo e na Amazônia nos séculos XIX e XX, patrimônio histórico e história social da intelectualidade paulista e amazônica (séculos XIX-XX). É presidente do Núcleo Docente Estruturante do curso de História da Unifesspa e possui projetos de pesquisa e de extensão. Coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas em História, Arte e Literatura (Unifesspa/CNPq).

Welceli Cardoso Lustosa , Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará

É graduada e bacharel pela Universidade Federal do Pará (UFPA), especialista em História e Cultura afro-brasileira, pela Faculdade Entre Rios do Piauí (FAERPI). Mestranda no Programa de Pós-graduação em Ensino de História (ProfHistória) pela Universidade do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA). Campus de Xinguara, turma 2022. Bolsista da CAPES.

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Modernismo no Brasil ao longo do século XX

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Publicado

26-03-2024

Como Citar

GALVÃO JÚNIOR, Heraldo Márcio; CARDOSO LUSTOSA , Welceli. “Nêga qui tu tem? Marimbondo sinhá!”: religião afro amazônica e o modernismo de Bruno de Menezes da década de 1920. Revista Ágora, [S. l.], v. 35, p. e-20243507, 2024. DOI: 10.47456/e-20243507. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/agora/article/view/43293. Acesso em: 27 abr. 2024.

Edição

Seção

Modernismos no Brasil ao longo do século XX